A Roda de Conversa que havíamos programado - na versão original do Projeto - acabou por se transformar numa roda virtual, online, via WhatsApp. Os familiares foram provocados, a partir de imagens ou de memórias a compartilharem com as crianças as suas impressões sobre o Mercado. Os alunos também foram instigados a participar, manifestando suas percpeções sobre o mercado do passado e, este, do presente.
Alguns diálogos foram travados a partir de observações feitas por alunos e seus familiares sobre as manifestações culturais que sempre foram realizadas no Mercado Central de Pelotas.
Todos os diálogos foram intermediados pela acadêmica autora do Projeto. Abaixo algumas observações feitas pelos integrantes do Projeto.
Referências dos familiares:
Mãe da Izaura: Fazia muito tempo que eu não vinha no mercado. Lembro de ter vindo umas duas vezes com minha mãe. Nem me lembro bem para quê, mas tinha mais lojas de coisas de alimentação, que hoje não tem tanto. A Izaura nunca trouxe para visitar o mercado.
Mãe do José: Eu adorava vir ao mercado com minha mãe, e vinha com
freqüência. Havia um loja, interna, onde ela comprava alpiste para os
passarinhos que nós criávamos em casa. Nessa loja havia muitos animais para
vender, tartaruga, coelho, pinto, cachorro, gato, peixes...havia muitos
aquários. O mercado era bem popular... tinha de tudo...muitas lojas, erva, temperos a granel, e peixe, bancas de
peixe, muitas. O mercado tinha um cheiro, forte. Misturavam-se os odores.
Pai do Pedro: Hoje é bem diferente, o mercado tem poucas lojas, está
revitalizado, mas perdeu a sua característica mais popular, de comércio.
Avó da Luiza: Eu também visitava muito o mercado, havia uma loja de
sapatos, onde meu pai comprava galochas – um sapato de borracha para botar em
cima do sapato - e também galochas.
Tio da Daniele: Eu tenho lembrança de ir ao Mercado com minha avó para
comprar coisas de vime, e havia uma loja com banquinhos de madeira, brinquedos
de madeira, cavalinhos e minha avó sempre me levavam quando precisava comprar
algo, especialmente para a escola.
Mãe da Amélia: Havia uma banca cheia de nozes, castanhas, eu ficava de olho
naquilo. Eu ia muito, porque morava perto.
Minha mãe fazia doce, ela era doceira, e comprava as especiarias ali. Hoje eu faço doce também, mas já não compro muita coisa no mercado, até tem, mas é mais caro.
Pai do Antônio: Minha memória do mercado está também no Abrigo de ônibus que
existia em frente à entrada do Mercado. Ali meu pai comprava balas de coco, e
cocada, aranha, um tipo de cocada que parecia uma aranha.
Pai da Janaína: O mercado era um lugar que eu ia com meus pais, para comprar
produtos alimentícios, carne, peixe, frutas. Era um lugar de comércio intenso.
Não havia supermercado, então as compras eram feitas em feiras, ou no mercado.
Mãe da Bianca: Havia uma banca, com muitas coisas penduradas, salame,
torresmo, carne de porco...era uma banca de um senhor muito gordo, eu ia sempre
com meu pai.
Avó da Tamara: Eu tenho um grande carinho pelo mercado porque eu ia muito
com meus avós, porque uma das bancas do mercado era do meu tio. Chama-se a
Deliciosa, era uma banca que vendia muita coisas, temperos, bacalhau, salame,
queijo, tinha uma vitrine com os frios, as cerejas, morcilhas, banha, tudo ficava exposto no balcão. O prêmio de ir
visitar meu tio era poder entrar na banca, e olhar o cofre, a balança, era um
lugar muito pequeno, mas tudo organizado. Não havia supermercado como temos
hoje...
Tia da Paula: Eu me lembro de ir ao mercado com os meus avôs, e comprava
pinico para as minhas bisavós.
Mãe da Jéssica: Sempre me chamou atenção no mercado as mesas onde ficavam os
peixes, com gelo, e os peixes ficam
expostos...eram muito bonitas as mesas. Eu também tenho lembrança do incêndio,
no mercado, porque a minha avó morava perto do Teatro Guarani, pela Gonçalves
Chaves, e nós fomos para o pátio ver os rolos de fumaça...era de noite, e havia
muita fumaça.
Mãe da Antônia: Eu nasci em 1982, e eu tenho memória, lá pelos idos de 87,
de ir a uma das lojas para comprar, com a minha dinda, porquinho da índia.
Havia essa loja de comércio de animais...galinha, porquinho da índia, peixe,
pássaros, tartaruga, enfim...
Tio do Marco: O mercado tinha muito mais movimento... era um local de
comércio popular, com muitas lojas, de sapato, verduras, peixes, açougue,
especiarias, temperos, louças brancas...havia louças brancas para pintura em
porcelana...tudo isso se comprava no mercado.
Pai do Maikon: O meu avô teve uma banca no mercado, de venda de especiarias...linguiça, bacalhau,
temperos, queijos, salames...meu pai me sentava no balcão, e
tinha muita mercadoria dependurada no teto... Era muito peculiar.
Referências dos
alunos:
José: Sobre o incêndio será que queimou muito? E teve fumaça... E
depois reconstruíram e ficou muito bonito;
Pedro: Eu achei que no mercado haveria mais lojas...achei bem
vazio. Por que não tem mais lojas no
Mercado?
Maikon: Eu gostei de ver o lugar onde as pessoas vão com os
amigos...ficam na calçada, ali fora, porque dentro não tem muita coisa.
Ah...tem uma loja de doce, também, que tem mesas pra sentar. Acho que antes não
tinha.
Luiza: Eu gostei de ver a foto do mercado que tem o bonde. Hoje não
existe isso, mas minha vó sempre fala que
existia esse tipo de ônibus.
Daniele: Em aula, quando falamos das lojas que havia no mercado, a
profe disse que havia uma de vender bichinhos. Agora não tem mais, ela explicou
que é proibido vender os animais, e ter em casa alguns animais que minha tia me
disse que comprava no mercado com a avó dela.
Paula: Eu nunca imaginei que os peixes pudessem ficar naquelas
mesas de cimento que a professora mostrou em aula. E a vó do Pedro falou que
achava bonito.
Antônia: Eu gostei de ver o prédio bem bonito, pintado de amarelo e
branco...diferente de antes, que era mais escuro... E também da torre do
relógio, que já faz muito tempo que está lá naquele local.
Marco: Eu percebi que sempre teve festa no Mercado, de um jeito diferente, antes, mas sempre houve. Música ou peça de teatrinho, tal como hoje acontece. Eu já vim num show aqui com meu tio, acho que era perto do Natal.
Janaína: Eu nunca tinha vindo no Mercado. Minha mãe não tinha me trazido aqui. Eu gostei do lugar, mas pelo que minha mãe disse, antes havia mais compras, coisas para comprar. Hoje a gente compra tudo num super, ou num barzinho perto de casa.
Izaura: Eu não conhecia o mercado. Fique gostando de saber que tem esse lugar, e que a gente pode vir. Vou pedir para o meu pai, quando tiver um dia bom, e a COVID-19 permitir, me levar para visitar. A minha mãe já me prometeu me trazer para comer um doce, símbolo de Pelotas.
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